"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." Clarice Lispector

domingo, 24 de janeiro de 2010

Meu eu não tão lírico

Quando mamãe estava grávida, papai conversava comigo, mais do que hoje em dia por sinal. Dizia que jogaria bola com comigo, acreditava que era um menino. Por fim nasci bruta, meio macho, mas nasci mulher.
Provavelmente os planos do meu pai de eu seguir seus passos como Sushi man acabaram. Porém, tenho certeza de que surgiram muitos planos na cabeça da então,senhora minha mãe. Sempre tive um dom, dom de falar mais que a boca. Cantava o dia inteiro, deixava marcas de beijos com os lábios marcados de batom pelas paredes da casa, adorava me intrometer em assuntos alheios. Ah, tinha tudo para ser a garotinha da "janela" que esperaria o homem de branco passar.
Mas, como minha história não é nenhum conto de fadas, sempre fui um fracasso no romance. Para as mais "mexeriqueiras" do bairro, a garota bruta aqui não faria par com homem. Tanto insistiram nisso que até eu cheguei a duvidar. Talvez fosse a idade.
Ainda hoje não dou muita sorte no amor, mas já não fico sozinha. Quanto ao fato de eu não fazer par com homem, bem, não me vejo fazendo par com outra coisa. A não ser com o meu gato, que ouve, ou finge que ouve, meus problemas quando não tenho vontade de escreve-los.

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